Projeto Combatente Brasileiro (COBRA)
O Projeto COBRA constitui um dos esforços feitos pelo Exército Brasileiro no sentido de modernizar a F Ter. Suas ações vêm sendo pautadas pela sinergia que existe entre os diversos órgãos de direção setorial, o Órgão de Direção Operacional e o Órgão de Direção Geral do Exército, que trabalham em estreita colaboração para que objetivos propostos sejam alcançados. Todas as suas ações, enquadradas que estão pelo ProgEE OCOP, atendem às modernas metodologias de gerenciamento de projetos, seguindo as Normas para Elaboração, Gerenciamento e Acompanhamento de Projetos no Exército Brasileiro (NEGAPEB) e as Instruções Gerais para a Gestão do Ciclo de Vida dos Sistemas e Material de Emprego Militar (EB10-IG-01.018).O combate moderno exige que o combatente individual seja capaz de atuar com letalidade seletiva, possua capacidade de atuar em rede, sendo capaz de comunicar-se, transmitir e receber dados e informações praticamente em tempo real. Exige-se, ainda, que possua boa proteção individual, que preserve sua capacidade operativa, fazendo-o durar na ação e preservar sua saúde. É isto que o Projeto COBRA se propõe a alcançar
O Exército Brasileiro desenvolve o Projeto Combatente Brasileiro (COBRA), Soldado do Futuro, um Sistema que contempla três necessidades fundamentais do combatente moderno: a LETALIDADE, o COMANDO E CONTROLE e a SOBREVIVÊNCIA. A IMBEL® se junta aos esforços da Força Terrestre para concretizar o referido Projeto, oferecendo um conjunto de equipamentos e soluções que compõem sistemas forjados para atender a duas daquelas necessidades: LETALIDADE e COMANDO E CONTROLE.
Soluções para a necessidade LETALIDADE
No que tange à necessidade LETALIDADE, a IMBEL participa do Projeto com os fuzis de assalto nos calibres 5,56x45 mm e 7,62x51 mm da família IA2, e pistolas no calibre 9x19 mm, além das facas de campanha IA2 e AMZ, objetivando aumentar a capacidade operacional individual do combatente e potencializar os efeitos do emprego coletivo desses Materiais de Emprego Militar (MEM) que são fabricados na Fábrica de Itajubá (FI).
O Fuzil de Assalto 5,56 IA2 (Fz Ass 5,56 IA2) foi o primeiro fuzil da família IA2 cujas principais características são o peso reduzido, a maior compacidade, o uso intenso de polímeros de engenharia, a melhor ergonomia e a utilização de trilhos Picatinny (MIL STD 1913) para fixação de diversos acessórios.
O Fz Ass 5,56 IA2 teve seu projeto iniciado em 2008 e, no ano de 2011, foi submetido à avaliação de protótipo de MEM para verificar a sua conformidade com os Requisitos Operacionais Básicos (ROB) nº 07/10-EME, de 03 de agosto de 2010 e com os Requisitos Técnicos Básicos (RTB) nº 04/10-DCT, de 28 de outubro de 2010, sendo considerado “CONFORME” com estes requisitos e homologado pela Portaria nº 001- DCT de 20 de janeiro de 2012.
Em maio de 2012, iniciou-se a avaliação do lote piloto do MEM Fz Ass 5,56 IA2 para verificar a conformidade aos Requisitos Operacionais Conjuntos (ROC) nº 01/11-EMCFA, de 30 de junho de 2011, e com os RTB nº 02/12-DCT, de 25 de julho de 2012. A avaliação foi concluída em dezembro de 2014 e o lote piloto do MEM foi considerado “CONFORME” com estes requisitos e o relatório homologado pela Portaria nº 007- DCT de 04 de fevereiro de 2015.
O Fuzil de Assalto 5,56 IA2 foi adotado pelo Exército Brasileiro em 2013, através da Portaria Nº 211-EME, de 23 de outubro de 2013, e padronizado em 2015, através da Portaria Nº 188-EME, 27 de agosto de 2015, publicada no BE36/15, de 4/9/15.
Atualmente, diversas unidades do Exército Brasileiro utilizam o Fz Ass 5,56 IA2 tendo participado em missões de paz e em operações de Garantia da Lei e da Ordem.
Complementando a família de fuzis IA2, a IMBEL desenvolveu um fuzil de assalto no calibre 7,62, que se encontra em avaliação de protótipo de MEM no CAEx para verificar a conformidade aos Requisitos Operacionais Conjuntos (ROC) do fuzil médio das FFAA nº 02/11-EMCFA, de 30 de junho de 2011, e aos Requisitos Técnicos Básicos (RTB) nº 03/12-DCT, de 28 de outubro de 2010.
Atendendo à necessidade COMANDO E CONTROLE
Para atender à necessidade COMANDO E CONTROLE, a IMBEL oferece uma solução modular composta por três núcleos: processamento, comunicações e energia. Os seus sistemas e equipamentos constitutivos são desenvolvidos e produzidos na Fábrica de Material de Comunicações e Eletrônica (FMCE).
O subsistema de processamento pode ser composto pelo Computador Tático Pessoal CTP-1410, um computador robusto e integrado ao TPP em linha, capaz de processar aplicações de comando e controle de interesse da Força. Alternativamente, a IMBEL oferece o Compressor Tático de Vídeo CTV-1410 com a capacidade de gravação e transmissão de vídeo em tempo real, otimizado para um menor consumo de energia. As informações podem ser alimentadas e visualizadas por telas como o Visor Remoto Tático VRT-1410 ou tablets robustecidos de mercado.
O subsistema de comunicações é composto pelo rádio tático UHF Transceptor Portátil Pessoal TPP-1400, de desenvolvimento e fabricação 100% nacional, aplicável para comunicações de curta distância. Com capacidade de transmissão digital, geolocalização (GPS) e elevada durabilidade de bateria, foi padronizado pelo Estado Maior do Exército Brasileiro como Rádio Grupo 1 (Portaria Nº 313-EME, de 2 de dezembro de 2015).
Para atender às diferentes tropas especializadas, o TPP-1400 é compatível com uma grande variedade de combinados de mão e de cabeça de forma a garantir que o combinado utilizado seja adequado à necessidade da missão. Destaca-se o Combinado por Condução Óssea OTF-2200 que é menos suscetível ao ruído do ambiente e deixa ouvidos e boca livres tornando-o compatível com equipamentos de proteção individual. Para comunicações de média e longa distância, a IMBEL pode oferecer transceptores portáteis e veiculares na faixa VHF, também de tecnologia nacional, em soluções totalmente integradas.
Todo o sistema pode ser alimentado ou recarregado pelo subsistema de energia composto pelas Baterias Inteligentes Táticas BIT-1410 e BIT-2590. Mais do que simples baterias, estes equipamentos são centrais de gerenciamento de energia, programáveis, controlando a recarga e a distribuição de alimentação para os demais equipamentos eletrônicos. Dotados de baterias de alta densidade de carga, permitem maximizar a autonomia do combatente no cenário de operações. O carregador integrado permite, também, a recarga a partir de uma grande variedade de fontes de energia.
O componente observação da necessidade COMANDO E CONTROLE do Projeto Combatente Brasileiro é potencializado por meio da integração de lunetas, binóculos e telêmetros de empresas parceiras, bem como a difusão de dados de inteligência, pela transmissão digital de imagens e vídeos obtidos por esses optrônicos.
O COBRA / IMBEL também permite a obtenção de uma elevada consciência situacional, outro importante componente da necessidade COMANDO E CONTROLE, através de georeferenciamento com o uso de receptor de Sistema de Posicionamento Global multiconstelação, transmissão desde mensagens curtas a imagens e vídeos em tempo real, e a capacidade de integrar-se aos sistemas de comando e controle em uso nas Forças Armadas.
As Forças Armadas brasileiras destinam-se, conforme estipula o artigo 142 da Constituição de 1988, à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer um destes, da lei e da ordem. Para tanto, cada uma das Forças deve possuir um poder militar adequado para prevenir eventuais agressões e estimular a solução pacífica de controvérsias.
Assim, espera-se que o Exército Brasileiro seja um instrumento eficaz de dissuasão, o que requer organização, equipamento e adestramento. O Comando de Operações Terrestres (COTER), como Órgão de Direção Operacional do Exército, possui um papel relevante na obtenção e manutenção das capacidades que tornam a Força Terrestre (F Ter) apta a ser este eficaz instrumento de dissuasão. Nesta direção, o Centro de Doutrina do Exército (C Dout Ex), órgão do COTER, preocupa-se constantemente em encontrar as respostas mais efetivas e eficazes para as seguintes questões: Como a F Ter deve se organizar? Como ela deve se equipar? Como deve combater?
Dessa forma, é responsabilidade dos formuladores da doutrina do Exército participar da elaboração dos requisitos operacionais dos equipamentos – mais precisamente denominados Sistemas e Material de Emprego Militar (SMEM) – que vão compor o acervo das Unidades Operativas da Força. Trata-se de responder a uma das perguntas feitas no parágrafo anterior, definindo-se como a F Ter deve se equipar.
A conjuntura econômica vivida pelo país já há algumas décadas inegavelmente afetou o acervo dos SMEM da Força. Para fazer face a esta situação, uma das soluções encontradas pelo Exército foi a estruturação do Programa Estratégico do Exército Obtenção da Capacidade Operacional Plena (Prg EE OCOP).
O Prg EE OCOP busca a recuperação e/ou obtenção de novas capacidades da F Ter, por meio da substituição de SMEM defasados tecnologicamente ou no final de seu ciclo de vida, do aumento da interoperabilidade logística entre as Forças, da melhoria dos equipamentos individual e coletivo do combatente e da efetividade da sustentação logística dos meios militares terrestres.
Para isso, o Programa é composto por um subprograma e dois projetos:
· O subprograma Sistema Artilharia de Campanha;
· O projeto Sistema Combatente Brasileiro (COBRA); e
· O projeto Material Engenharia de Combate.
Neste artigo, trataremos especificamente do Projeto COBRA.
A Portaria 263-EME, de 18 de julho de 2016, aprovou a Compreensão das Operações (COMOP), do Sistema Combatente Individual do Futuro (nome do Projeto COBRA, à época). Desse documento, exprime-se a missão do Projeto:
[…] desenvolver um Material de Emprego Militar (MEM), dotado de adaptabilidade, flexibilidade e modularidade. Esse sistema deverá potencializar a consciência situacional, permitindo ao combatente atuar em rede, aumentar efetivamente a proteção individual, logrando à F Ter aumentar as capacidades militares terrestres e as capacidades operativas, sendo um efetivo instrumento do processo de transformação da Força.
O documento enfatiza que os itens previstos no Projeto poderão ser utilizados por todos os integrantes da Força, esperando-se que tragam como benefícios melhores condições para se combater em rede, uma consciência situacional aumentada, melhor proteção individual e capacidade de atuar em todos os ambientes operacionais encontrados no território nacional.
Isso significa que o material a ser adotado deve possuir, entre outros, os atributos da modularidade e da adaptabilidade a diferentes ambientes operacionais, tais como selva amazônica, caatinga, pantanal, montanha, pampa e urbano. Tal adaptabilidade, além de permitir o preparo e o emprego mais adequados, permitirá, também, melhores condições para o emprego em ambientes externos similares, particularmente, considerando a possibilidade de emprego como força expedicionária ou em operações de paz da Organização das Nações Unidas.
Partindo-se das premissas acima mencionadas, e levando-se em consideração que a doutrina da Força Terrestre deve estar comprometida com a elaboração dos requisitos operacionais, bem como com a definição dos SMEM a serem adquiridos, a partir de 2018 a equipe do projeto passou a ser composta por militares do COTER, em estreita colaboração com o Estado-Maior do Exército e demais órgãos de direção setorial envolvidos nas aquisições a serem realizadas.
Assim, em agosto de 2018, por meio de portaria do Comandante de Operações Terrestres, foram definidas as condicionantes operacionais dos 51 itens a serem adquiridos pelo Projeto COBRA. Tais itens foram propostos pela equipe do projeto, em estreita colaboração com o Estado-Maior do Exército.
Esses equipamentos deverão agregar tecnologia, de modo que proporcionem um significativo avanço às capacidades letalidade, proteção e sensoriamento do combatente individual do Exército Brasileiro.
Definidas as condicionantes operacionais, e seguindo-se a metodologia prevista nas Instruções Gerais para a Gestão do Ciclo de Vida e dos Sistemas e Material de Emprego Militar (EB10-IG01.018), foram produzidos os requisitos operacionais. Assim, em março de 2019, a Portaria no 054-EME aprovou os requisitos operacionais de todos os itens do projeto.
Concomitantemente, um grupo de trabalho foi formado, integrado por uma equipe multidisciplinar, composta por engenheiros militares e combatentes para produzir os requisitos técnicos, logísticos e industriais (RTLI) dos equipamentos incluídos no projeto.
Assim, no final de março de 2019, foram aprovadas as portarias com os RTLI dos primeiros dezoito itens a serem adquiridos pelo projeto. Ao mesmo tempo, foi determinado o espaço temporal das entregas, ficando decidido que este seria no período abrangido pelo intervalo entre os anos de 2020 a 2023. Outra decisão importante foi a que indicou para quais tropas seriam distribuídos os itens do lote-piloto, decidindo-se por seis subunidades de fuzileiros, sendo cinco de unidades das forças de emprego estratégico e uma de organização militar de selva.
Os equipamentos distribuídos deverão ser submetidos aos testes de emprego, em condições a serem definidas pelo COTER, nas diversas regiões do território nacional. As unidades que receberem o lote-piloto deverão produzir os relatórios de desempenho de material. Ao final do período de testes, em sendo aprovados, os materiais passarão a figurar na cadeia de suprimento, passando a ser a opção preferencial de distribuição no Exército Brasileiro.
O Projeto COBRA constitui um dos esforços feitos pelo Exército Brasileiro no sentido de modernizar a F Ter. Suas ações vêm sendo pautadas pela sinergia que existe entre os diversos órgãos de direção setorial, o Órgão de Direção Operacional e o Órgão de Direção Geral do Exército, que trabalham em estreita colaboração para que objetivos propostos sejam alcançados. Todas as suas ações, enquadradas que estão pelo Prg EE OCOP, atendem às modernas metodologias de gerenciamento de projetos, seguindo as Normas para Elaboração, Gerenciamento e Acompanhamento de Projetos no Exército Brasileiro (NEGAPEB) e as Instruções Gerais para a Gestão do Ciclo de Vida dos Sistemas e Material de Emprego Militar (EB10- IG-01.018).
O combate
moderno exige que o combatente individual seja capaz de atuar com letalidade
seletiva, possua capacidade de atuar em rede, sendo capaz de comunicar- se,
transmitir e receber dados e informações praticamente em tempo real. Exige-se,
ainda, que possua boa proteção individual, que preserve sua capacidade
operativa, fazendo-o durar na ação e preservar sua saúde. É isto que o Projeto
COBRA se propõe a alcançar.
Referências
EXÉRCITO BRASILEIRO. Estado-Maior do Exército. Declaração de Escopo do Programa Estratégico do Exército Obtenção da Capacidade Operacional Plena (Prg EE OCOP). Brasília, 2017.
______. Diretriz de Criação da Compreensão das Operações (COMOP) n° 03/2016, do Sistema Combatente Individual do Futuro. Boletim do Exército no 29, de 22 de julho de 2016. Brasília, 2016.
______. Requisitos Operacionais (RO) do Sistema Combatente Brasileiro (COBRA).
______. Requisitos Técnicos, Logísticos e Industriais do Sistema Combatente Brasileiro (COBRA).
______. Instruções Gerais Para a Gestão do Ciclo de Vida dos Sistemas e Materiais de Emprego Militar (EB10-IG-01.018). Brasília, 2016.
*Paulo Roberto da Silva Gomes Filho é Coronel de Cavalaria do Exército Brasileiro. Foi declarado aspirante a oficial pela Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) em 1990. É especialista em Direito Internacional dos Conflitos Armados pela Escola Superior de Guerra (ESG) e em História Militar pela Universidade do Sul de Santa Catarina; possui mestrados em Ciências Militares pela Escola de Comando e Estado Maior do Exército (ECEME) e em Defesa e Estratégia pela Universidade Nacional de Defesa, em Pequim, China. Foi instrutor da AMAN, da EsAO e da ECEME. Comandou o 11º RC Mec sediado em Ponta Porã/MS. É autor de diversos artigos sobre defesa e geopolítica e atualmente exerce a função de assistente do Comandante de Operações Terrestres, além de ser o gerente do Projeto Combatente Brasileiro (COBRA). E-mail: paulofilho.gomes@eb.mil.br.
Fonte: www.imbel.gov.br
Ney Jornalista Veterano PE 83/87
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